Um legado vivo da língua Tupi e Kaingang

Um legado vivo da língua Tupi e Kaingang

As palavras indígenas estão enraizadas em nossa fala. Muitas vezes as repetimos sem perceber que carregam histórias milenares, vindas das culturas originárias que habitam o território brasileiro antes mesmo da chegada dos colonizadores.
No estado de São Paulo, em especial, a influência do Tupi e do Kaingang se manifesta em nomes de cidades, bairros, rios, alimentos, animais e plantas.
Este é o primeiro compilado em ordem alfabética de termos de origem indígena que atravessam o cotidiano paulista, parte de uma série inspirada no trabalho do pesquisador Clóvis Chiaradia, autor do Dicionário Brasileiro de Palavras Indígenas.

Seleção de Palavras (A–H)

A

  • Anhangabaú (Tupi: anhanga + aba + y) → “Rio do espírito mau” ou “rio assombrado”.

  • Arara (Tupi: ará) → Ave de cores vivas, nome onomatopaico do canto.

B

  • Bauru (Tupi: mbaé-uru) → “Cesto de coisas” ou “cesta de frutas”.

  • Botucatu (Tupi: ybytu-katu) → “Bons ares”, “lugar de vento bom”.

C

  • Capim (Tupi: ka’pim) → Planta herbácea de pasto, gramínea.

  • Carioca (Tupi: kari’oka) → “Casa do branco”.

  • Curitiba (Tupi: kur yt yba) → “Grande quantidade de pinheiros”.

D

  • Diadema (Tupi: jyá + demba) → “Fruto achatado”.

  • Dourado (Tupi: dourado’ara) → Peixe de escamas douradas.

E

  • Embu (Tupi: ymb-u) → “Lugar onde há muitas taquaras/embus”.

  • Eté (Tupi) → “Verdadeiro, legítimo, autêntico”.

G

  • Guarujá (Tupi: kûar-uya) → “Enseada dos mariscos”.

  • Guarulhos (Tupi: guaru) → Ave semelhante ao jaó.

  • Guaíba (Tupi: gua-yba) → “Baía de muitas águas”.

H

  • Havaí (no Brasil: do Tupi aba’i) → “Rio do homem”.

  • Higienópolis (apesar de origem grega, se conecta a toponímias indígenas do entorno como Pacaembu, de paka’mbu, “lugar de pacas”).

Por que preservar essas palavras?

Cada termo indígena que ainda pronunciamos é um elo com nossa ancestralidade. Mesmo quem nasceu na cidade, e cuja família foi atravessada pela colonização e miscigenação, carrega essas raízes na língua. A memória resiste e segue viva, como sementes espalhadas pelo vento.

📚 Fontes e Referências

  • CHIARADIA, Clóvis. Dicionário Brasileiro de Palavras Indígenas. Ourinhos-SP, 2019.

  • NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de Tupi Antigo. 2ª ed. São Paulo: Global, 2013.

  • CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

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